18.10.07

Beleza roubada

No início era engraçadinho. Todo mundo a queria pra si. Todos queriam segurá-la no colo, levar pra casa, brincar de boneca com ela. Cuidar dela, sair com ela, pentear seus cabelos dourados, brincar de casinha, de comidinha ou simplesmente estar ao seu lado. Era como um troféu que todos gostavam de exibir. Ela representava um chamariz de coisas boas. Atraía pessoas ao seu redor. Tinha esse dom. Era naturalmente espontânea. Parecia uma bonequinha de porcelana, quase sem vontade própria. Perfeita! Para os outros. Mas falava! E como falava! Era de verdade. Seus desejos viraram os desejos dos outros, suas vontades eram as vontades dos outros. Ela queria o que os outros na verdade queriam. Seus pedidos sequer eram escutados. Suas vontades eram todas ignoradas. Mas ainda assim era bonitinha, quietinha, meiguinha. Boazinha! Isso realmente a irritava. Pra valer! Uma linda menina loira e de olhos azuis - sonho de consumo de meio mundo. Pode perguntar. O que parecia ser um sonho, e na verdade era para muitos, passou a ser a pedra em seu sapato.

E o tempo voou....


E a menina cresceu!

E se transformou em mulher.


Em mulher de verdade. Com vontade e desejos próprios. Coisa de gente grande. De gente adulta. De gente que deixou de ser apenas bonitinha e adquiriu personalidade. Personalidade falante mas também pensante. O que antes era a porta de entrada para um mundo que não era o seu e que não podia escolher, agora virara a porta de entrada para um outro mundo. Um mundo que ela podia escolher. Um mundo particular.

Seu mundo!

Beijos e inté!
Érika

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