29.7.07

O direito da dúvida

Mesmice, rotina e tédio. Todos demasiadamente angustiantes. Só em pensar me perco em pensamentos torturantes que costumam se alojar por horas a fio e por tempo indeterminado na cabeça que gira mundo afora. Mundo aliás, inquietante. Extasiante também! Que não pára de girar. Quando percebo que a vida está se aproximando do tédio, viro o leme tentando me direcionar pra outros mares mais agitados. Tormenta. Nem sempre os ventos são tão favoráveis. Subo na proa, relaxo, deixo o vento bater no rosto e espero a terra mais firme se aproximar.
Atracar!
Terra firme! Destino dos náufragos. Porto seguro! O mais esperado dos navegantes da vida e nem sempre o mais alcançado. Desço e percebo que tenho um mundo inteiro a explorar. Mundo de areia movediça, pode ser. Incerto de se pisar, porém tentador. Mundo inusitado, por sinal. Cheio de desejos, vontades próprias, angústias, dúvidas, inquietações e perguntas. Perguntas que não silenciam jamais. Impulsionam a alma que anseia por respostas. Respostas sem certezas. Certezas sem respostas. Certeza apenas de que um novo dia se anuncia repleto de incertezas.


Beijos e inté!
Érika


12.7.07

Era só mais um Silva

Hoje, ainda no escuro da manhã, quando saí pra trabalhar num horário atípico, desagradável e muito, mas muito mais cedo que o de costume, por volta de 5h e 40 da matina, num frio de tremer os dentes, me veio à cabeça: "Meu Deus! Por que só se vê "Silvas", leia-se aqui, brasileiros honestos e trabalhadores à todo vapor nesssa hora da manhã, como andarilhos pelas ruas da cidade?" Mal enxergava um palmo a minha frente de tão escuro que o céu se encontrava e já tinha gente servindo cafezinho no boteco da esquina. Por que nessas horas um tanto quanto bizarras, diga-se de passagem, não vemos "gente" com cara de empresário saindo de casa pra pegar algumas conduções lotadas pra tentar chegar ao trabalho ileso?" Por que será? E o pior de tudo, a grande ironia e talvez a maior de todas. Sair de casa na madruga, com poucos postes acesos a guiar não significa voltar pra casa no fim do dia com o bolso cheio das verdinhas. Moral da história: A riqueza de um homem não é diretamente proporcional a hora em que esse homem sai de casa pra trabalhar. Alguém pode me explicar essa inversão de valores maluca!
Beijos honestos e suados!!
Érika

9.7.07

Goofy


Nada como ter uma amiga doida à altura. Pois é, me considero uma privilegiada em ter a *Debby como amiga de noitadas engraçadas.
A história a seguir é verídica e foi baseada nas aventuras de duas amigas PATETAS de um sábado a noite.

*PS: Os nomes dos personagens foram modificados como forma de preservar a imagem de todos que aqui participaram.

Sábado à noite eu e minha amiga Debby tínhamos uma festinha de criança pra nos esbaldar. Era a festa de aniversário de dois filhos de uma amiga do trabalho. Um de 2 e o outro de 5 anos. Todos do trabalho estariam lá. Não podíamos fazer feio, né, uma vez que chegaríamos juntas. Pensei! Vamos às compras! Essa vai ser moleza! Afinal de contas as crianças não mudaram tanto dos meus tempos pra cá, né? (Não sou tão velha assim!) Criança é criança em qualquer lugar e época! Pois é. Criança é criança em qualquer lugar e época sim. Agora, adulto desatualizado com brinquedos nessa hora sofre. E muito!
A nossa trapalhada começou no momento em que decidimos ir à tarde nas Lojas Americanas pra comprar os presentes dos pimpolhos. Você deve estar se perguntando: "Mas Lojas Americanas? O que elas vão achar de interessante nas Lojas Americanas pra dois meninos?" É, Lojas Americanas sim! A pobreza impera e não permite estripulias econômicas. E, afinal de contas, o que interessa é a intenção, ou não é? Pobre é uma M..., né! Dá desculpa pra tudo. Meu Deus! Como foi difícil escolher os tais brinquedos. Ah! é. Pra criança tem que dar brinquedo. Esse negócio de roupa é obrigação de pai e mãe. Mas como é difícil dar presentes quando não se tem filhos, sobrinhos e muito menos primos pequenos. Nossa, suei um bocado. Achei que em 15 minutos mataria a charada. Engano!! Eu e Debby levamos mais de uma hora de tanto carrinho, espada, boneco do Shrek pra cá, vídeo game pra lá, joguinhos eletrônicos de todos os tipos, cores, formatos e preços que havia nas prateleiras. Uma perdição até pra grandalhonas como nós. Depois de nos perdermos em meio a tantas opções, conseguimos comprar diferentes joguinhos eletrônicos e carrinhos coloridos a preços um tanto quanto módicos. Primeira etapa vencida. Ufa!!! E olha que a noite nem tinha começado!!



Depois de comprar os tais brinquedos fomos direto pra casa da minha amiga pra tomar banho e nos emperequetar um pouco. Estávamos em Copacabana, a casa da Debby era no Flamengo e a festinha no Recreio dos Bandeirantes. Ou seja, faríamos um city tour de carro pela cidade. Ah! Esqueci de mencionar uma informação muito importante. Depois da festa, às 23h, tínhamos uma peça pra prestigiar no shopping Barra Square, na Barra da Tijuca. "Os desesperados" - peça de um amigo do primo da Debby. Bom, continuando o momento mulherzinha. Afinal de contas nunca se sabe com quem iremos encontrar, nem mesmo numa festa de pimpolhos, né! Vai que surge um pai - príncipe- encalhado - encantado afim de encarar uma pré-balzaquiana. Vai saber!! Pra variar, como todas as outras noitadas, o momento mulherzinha - make up, perfumes, bota blusa, tira blusa, troca de brinco, põe sapato, tira sapato, com direito à felinos pisoteando nossas roupas em cima da cama e soltando pêlos por todos os lados - sempre começava e terminava na casa da Debby. A casa da minha amiga é um daqueles points fixos do pré -night de todas as nossas saídas. Finalmente nos emperequetamos e saímos rumo ao Recreio dos Bandeirantes. Atrasadas pra variar! Na verdade já era mais de 7 da noite - hora do início da festa quando saímos de casa- e precisávamos chegar no aniversário o quanto antes porque não poderíamos ficar além das 22:15h por causa da peça. Enfim, conversamos, conversamos, conversamos durante todo o trajeto e ..... nos perdemos. Nunca achei o Recreio tão longe. Passamos do ponto. Fui parar lá no Recreio Shopping. Meus Deus achei que fosse parar em Pedra de Guaratiba na casa dos pais de uma amiga minha. E pega retorno. E pára. E pergunta em posto de gasolina. E vira aqui, vira ali, vai pra direita, vai pra esquerda. Gira na rotatória, vai até o final da rua e pergunta mais e pára e ri. Que dificuldade! E o pior de tudo. Duas loiras dentro de um carro - uma na direção e a outra de co-piloto - boa coisa não podia sair. Uma natural e a outra emprestada da farmácia. Podia ser pior? Nessa hora a fome já estava nas costas. Quem me conhece sabe que como pra caramba. Dizem as más línguas que sou magra de ruim. R-U-I-M mesmo!! Daquela maneira errada mas que todo mundo gosta de falar, sabe. A fome era gigantesca. Já não sabia mais onde começava e terminava. Depois de sei lá quanto tempo, conseguimos chegar na casa de festas. Nossa! O lugar era um parque de diversões pra ninguém botar defeito. Cheio daqueles brinquedos de playground de prédio de gente bacana. Na altura do campeonato todos do trabalho já estavam na festa. Desesperada de fome comecei a procurar por um garçom-camarada pra garantir uns salgadinhos. Olhei, olhei e nada. Só vi a Suzana (mãe dos aniversariantes) com um dos pimpolhoss no colo. Só depois de cumprimentá-la consegui colocar um daqueles salgadinhos típicos de aniversário de criança na boca. O estômago deu trégua. A festa estava ótima. Tudo lindo e gostoso. Me diverti bastante ao ritmo de Xuxa e Saltimbancos. Bom, a festa estava boa, a comida também mas a hora estava passando e a peça nos esperando. Não poderia sair do aniversário sem comer o tão esperado bolo. Debby perguntou quando seria o parabéns pra gente garantir aquele bolo cheio de culpa. A Suzana não sabia dizer a que horas cantaria o parabéns. Eu me apressei em perguntar ao garçom e, logo em seguida, o bater das palmas começava no salão dos fundos. Debby e eu nos empanturramos de bolo com direito a repeteco. Delícia de bolo. Beija aqui, beija dali e tchau. Partimos. Saímos correndo em direção ao Barra Square pra assistir a peça. O relógio marcava 22:30h.



Mais uma vez aceleramos. Até que o golzinho mil não decepciona! Fiel até o último ato. Chegamos no shopping aos 45 do segundo tempo, às 22:50h em ponto. Pois é, em cima da hora. Afinal de contas, temos que manter a tradição feminina. Corremos igual duas crianças pelos corredores do shopping até chegarmos na escada rolante que dava para o saguão da bilheteria. Duas filas enormes nos olhavam lá debaixo. E agora, pensei? Resolvi seguir o conselho da nossa Ministra de Turismo, Marta Suplicy: "Relaxa e goza." Não tinha jeito. Nos dirigimos a uma das filas e perguntamos se aquela era a da peça "Os desesperados". Pra nossa alegria e tristeza, já nem sei mais, era. Segunda etapa vencida. A noite ainda estava no meio.


Chegando a nossa vez na fila pedimos a moça do guichê dois "ingressos amigos" que estavam reservados em nossos nomes. Deixa eu explicar. Os tais "ingressos amigos" davam direito a pagar menos pela peça. Somente 10 reais. Os nossos nomes, segundo a moça do guichê, não constavam no caderno de reservas. Falamos em nome do primo da Debby (o Ricardo), do Ruan (Ator da peça, amigo do Ricardo) e nada. E a hora continuava passando. E toca o telefone. Era Ricardo querendo saber onde estávamos. Insistimos com a moça do guichê e ela continuava sem encontrar nossos nomes na reserva da peça. Começamos a nos desesperar. Acho que nessa hora já estávamos influenciadas pela peça. Até que lá pelas tantas, a santa moça do guichê, não sei porque cargas d'água, resolveu nos dar os tais dois "ingressos amigos" e, ufa!! entramos. Pensei que ficaríamos à deriva. Uma noite quase perdida se não fosse a festa de aniversário. Somente pensamentos. Procuramos por Ricardo e seu amigo Pedro por todos os lugares da sala e nada. Toca o primeiro sinal de aviso. E nada dos meninos. Um senhor ao nosso lado discutia com sua esposa. A sala de teatro estava repleta de gays lindos e desejados. No pior das hipóteses já tinha valido o sufoco. Segundo sinal de aviso. Mais gays entravam na sala que ficava lotada. Terceiro sinal de aviso.


Início da peça. Comédia pura. Atores interessantes física e profissionalmente falando. Música back to the 80's and 90's. Diversão e muita risada. Fim da peça. Cadê Ricardo? Em menos de 5 minutos de peça terminada ele e Pedro já estavam dentro do táxi rumo a Zona Sul. Não acreditamos. E agora o que fazer já que o combinado era sair da peça e tomar chopp com os atores da peça e com os dois que já estavam longe dali? Eis que surge Ruan pra salvar o resto da noite, um tanto quanto diferente daquele visto no alto do palco, bem diferente pra dizer a verdade. O da peça era aloirado e o que estava na minha frente tinha cabelos pretos. Mistério! Falei com a Debby discretamente e ela disse que deveria ser peruca. Sei lá! Coisas de teatro. Vai entender! Fomos pro bar e achamos todos bem diferentes dos personagens. Uns mais gordinhos, outros mais morenos, uns mais bonitos, outros mais esquisitos. Comentários gerais sobre a peça. "Música interessante!", "Peça muita engraçada!" , "Aquele telão do início da peça...", enfim, comentários genéricos até que Ruan falou: "E os músicos eram ótimos". Juro que fiquei sem entender necas. Mas também não tive coragem de perguntar, pra não pagar mico. A peça que acabara de assistir não havia músicos, somente música. Mas não quis contrariar. Afinal, Ruan era o anfitrião da noite. E que continuasse assim.


Muitos risos, chopps, falação, pessoas agradáveis por toda a mesa mas o cansaço batia no final de um dia com cara de maratona e resolvemos ir embora. Despedidas e a promessa de um novo encontro. Como toda mulher fizemos alguns comentários sobre a noite que se findara e dentre tantas observações uma era unânime, "como o pessoal do teatro fica diferente da vida real quando sobe ao palco." Debby finaliza a noite com a seguinte pérola: "Engraçado, até quando eles saem da peça eles continuam com o personagem".


Sem comentários!!


Dia seguinte Debby liga para o seu primo pra comentar a noite anterior e dentre uma conversa e outra Ricardo fala sobre a peça assistida e o fato da gente não ter se encontrado no teatro. Num certo momento da conversa cita o nome de outra peça que disse ter assistido na noite conturbada. Debby estranha, discute com Ricardo e fica sem entender. Insiste. Lê o folheto de divulgação da peça que assistimos e confima: "OS DESESPERADOS. Tá aqui na minha frente. Tô lendo." E mostra o panfleto pra mim como quem quer provar que não está ficando maluca. Ricardo retruca e diz que não, que ele e Pedro assistiram a uma outra peça: também comédia, com música mas com outro nome. Caímos na gargalhada e percebemos que tínhamos estado no mesmo teatro, no mesmo horário, só que em peças e salas diferentes. Nós na sala azul e eles na vermelha. Mas isso é papo pra outra esquete.



Beijos e vamos ao teatro!!



5.7.07

À espreita

Olhos que te quero ver;
Nada mais se via naquela noite enluarada a não ser os olhares que tudo revelavam silenciosamente;
Lembranças saudosas surgiam à tona, na memória que ainda lhe restara de uma época outrora;
Boca que te quero beijar;
Respiração ofegante que denuncia o desejo maior de se ter a boca molhada e degustada com o fervor peculiar de uma paixão;
Pausa;
Razão. Pensamentos insensatos à mente. Paixão. Emoção de quero mais;
Pele que te quero sentir;
Desejo de ser tocada e acariciada suavemente como o toque da seda no roçar do corpo;
Bocas que se beijam;
Olhares que se olham;
Peles que não se tocam;
Ciclos que se completam mas que não se fecham esperando o anunciar do próximo luar.