12.11.07

Black hole

Estava louco pra sair daquela escuridão que parecia não ter mais fim. Uma imensidão vazia surgira, de repente, bem diante de seu nariz, como um raio que invade abruptamente os céus, rasgando e destruindo tudo que vê pela frente. Já estava lá há pouco mais de uma hora e quanto mais tentava não pensar na agonia de estar ali dentro, só, triste e angustiado, mais os pensamentos lhe tomavam à cabeça. Estava a ponto de enlouquecer, não fossem os pensamentos súbitos que lhe surgiam aos borbotões, que lhe dominavam. A grande ironia é que os mesmos pensamentos que o aprisionavam eram também a sua salvação. De tanto pensar começou a perceber que aquela situação virara uma constante em sua vida.
Pensar com sentimento.

Pensar com o coração.
Apenas pensar.

Uma mistura de sensações incontroláveis. Como raios. Ora vêm. Ora se vão. Assim, de repente. Escuridão. Vazio. Angúsia. Barulhos. Vozes. Buracos sem fim. Uma luta em vão. Um desafio que há muito lhe tirava o sono. Não conseguia mais distinguir se era sonho ou realidade. Tudo parecia ser uma coisa só.


Beijos e inté,

Érika

10.11.07

Aconteceu no verão

"A primeira vez a gente nunca esquece". A doce Mariana já havia escutado essa frase algumas vezes em sua vida. Com certeza em momentos que compartilhou com suas melhores amigas. Das vezes que escutara, a frase vinha de amigas mais experientes que costumavam relatar as mais loucas aventuras experimentadas com amores dos mais diferentes tipos: de verão, de feriados, de festas, de apenas uma noite, de infância, de épocas tão distantes que provavelmente se perguntadas hoje nem lembrariam mais. Épocas passadas que não voltam mais. Costumavam ser histórias engraçadas, alegres e leves as de suas amigas. Histórias que remetem à boas lembranças. Mas não a de Mariana. Na sua vez foi diferente. A primeira vez que sentira tal frase sofreu como nunca em sua vida. Sua primeira dor de amor ficou marcada em seu coração. Parecia não caber de tão grande que era. Parecia que iria explodir a qualquer momento. Era tão diferente de tudo que experimentara anteriormente que jurou nunca mais conhecer nenhum outro rapaz em nenhum outro verão. Chegou a se prometer que nunca mais amaria ninguém. Sentimento típico de quem se fere com o amor. Até que um outro amor o substituísse. Mas isso ainda levaria algum tempo. Houve uma época em que a doce Mariana deixou de sair durante alguns verões com medo de se apaixonar de novo e sofrer. Aquela fatídica frase que em seu passado adolescente não fazia quase nenhum sentido agora lhe angustiava o peito e lhe amargava a boca. E lhe causava dor. Dor que nenhum potente analgésico foi capaz de amenizar ou sanar tal sentimento. A não ser o próprio amor que lhe abandonara e que voltara no último verão.

Beijos e inté!
Érika