16.4.08

Delinqüências urbanóides

No trânsito confuso e cinzento da cidade grande a chuva que cai lá de cima é ácida.
Limpa os olhos de quem lá embaixo dirige aflito pela estrada que não acaba.
Colírio para os cegos.
Colírio para os olhos de quem guia no escuro a noite que cai.
No relógio, os ponteiros marcam seis e meia.
Numa outra época, Sol.
Hoje não.
Chuva.
Olho para o lado e vejo céu e mar se transformarem numa paisagem sombria, solitária e vazia. Vazio que aperta o peito e não tem explicação.
Aparente.
Luz da madrugada longínqua ainda adormece.
E ele continua ali, inquietante, a perturbar por quem ali passa.
O trânsito.
Dá nó nos cabelos da menina que pensa no dia que ainda está por vir.
Apenas amanhã.
Por vir.
Hoje, luzes vermelhas traçam o caminho qua ainda não dá pra ver.
Mas é certo a ser seguido.
Certo a guiar.
Certo a orientar.
Olho pra frente e vejo luzes vermelhas acesas.
Frenéticas.
Não param.
Piscam.
Não param.
Piscam.
Somem.
Piscam.
Se apagam.
Cadê?
Continuo a me movimentar na tentativa de encontrar algo incerto pela frente.
Quem sabe uma nova luz não aparece no túnel que não existe?
Quem sabe não me perco de vez?
Quem sabe não me acham só dessa vez?
As luzes vermelhas se foram.
Pararam.
Sumiram na esquina que virou lá na frente.


Beijos e inté!
Érika

2 comentários:

Anônimo disse...

Trânsito bastante inspirador esse não?! rsrsrs. Lindo poema, parabéns. Te add lá no meu blog. Bjus.

http://so-pensando.blogspot.com

isabella saes disse...

querida! que saudades suas! e como vc está escrevendo bem! vamos ver se a gente bota o papo em dia um dia desses!!! beijos, bella.